Tubarões viciados no Brasil

Brasil Analisou tubarões e todos testaram positivos em cocaína ao largo da costa do Rio de Janeiro

Há dois anos, um filme chamado “Urso de Cocaína” surpreendeu o público com uma história aparentemente surreal: um urso ingeriu um grande volume de cocaína de um carregamento perdido e morreu. Embora pareça um roteiro de ficção, essa história é baseada em fatos reais. Agora, um estudo recente trouxe à tona uma situação igualmente alarmante que acontece nas águas do Brasil, revelando que não apenas mamíferos, mas também tubarões estão expostos a drogas ilícitas.

Pesquisadores brasileiros, em um trabalho publicado na revista Science of the Total Environment, analisaram 13 tubarões capturados na costa do Rio de Janeiro. Essa espécie específica, o tubarão-nariz-afiado (Rhizoprionodon lalandii), geralmente mede cerca de um metro de comprimento e se alimenta de pequenos peixes e lulas, vivendo toda sua vida em habitats costeiros. Justamente por viverem nessas áreas, esses tubarões estão expostos a diversas formas de poluição, incluindo contaminantes químicos e drogas.

Os tubarões foram dissecados para a coleta de amostras de músculo e fígado, que foram posteriormente testadas. O resultado foi chocante: todas as amostras testaram positivo para cocaína. Mais especificamente, 92% das amostras de músculo e 23% das de fígado continham benzoilecgonina, um metabólito que se forma quando a cocaína é metabolizada pelo fígado. Essa é a primeira evidência concreta da presença de cocaína em tubarões na natureza, marcando um novo capítulo nos estudos de contaminação marinha.

Essa contaminação ocorre porque as drogas, incluindo a cocaína, chegam ao oceano de várias maneiras. Entre as rotas de contaminação estão as águas residuais provenientes de instalações de tratamento inadequadas, assim como pacotes de drogas descartados por traficantes. De 2011 a 2017, vestígios de cocaína foram encontrados em resíduos e águas superficiais em pelo menos 37 países. Além disso, a substância já foi detectada em diversas formas de vida aquática, incluindo moluscos, crustáceos e peixes ósseos.

A descoberta com os tubarões no Brasil é particularmente preocupante, pois indica uma combinação perigosa de aumento do consumo de cocaína e falhas no tratamento de águas residuais. Esses resultados levantam questões sérias sobre o impacto da exposição à cocaína na saúde dos tubarões e do ecossistema marinho em geral. Estudos em outros peixes, como as enguias e o peixe-zebra, já mostraram que a exposição à cocaína pode causar alterações significativas em proteínas, pele e funções hormonais. Essas mudanças podem levar a danos no DNA dos animais, afetar sua capacidade de metabolizar gorduras e causar alterações comportamentais.

Os pesquisadores destacam a importância de ampliar os estudos de monitoramento ambiental relacionados a drogas na costa brasileira e investigar detalhadamente os efeitos na saúde ambiental e nos riscos associados. Este estudo serve como um alerta importante, destacando a necessidade de ações urgentes para proteger a vida marinha e a saúde dos oceanos. A situação é um exemplo claro de como a poluição humana, mesmo que pareça distante, pode ter consequências profundas e inesperadas no mundo natural.

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